Sandy Leah cresceu diante das câmeras e dos holofotes. Talvez por esse motivo, ela raramente cai nas armadilhas que jornalistas montam para arrancar declarações bombásticas. Na entrevista coletiva concedida na quinta-feira (13) para divulgar seu novo álbum Sim, ela contou ter feito um acordo com o marido, Lucas Lima, para não alimentar boatos sobre gravidez, um dos temas preferidos da mídia especializada em celebridades.
"Olha só, há um ano e meio mais ou menos, eu e o meu marido, a gente decidiu que não comenta mais boato de gravidez. Até por que toda hora eles surgem. E a gente não tem o que fazer para evitar, nem ficar desmentindo, nem ficar falando. Se não, a gente vai dar mais pano para manga, gerar mais notícia. Resolvi que não comento mais os boatos de gravidez", afirmou a cantora, que está lançando seu segundo trabalho solo, após 17 anos de carreira ao lado do irmão, Júnior Lima.
"Aliás, eu gostaria que essa fosse a única vez que eu vou falar disso nessa coletiva. Eu e o meu marido temos planos para ter filhos, uma hora isso vai acontecer. Mas, realmente eu prefiro não comentar e hoje focar mais no lançamento do meu CD", pediu.
"Blindada" na imponente sede da produtora XYZ Live, em São Paulo, escoltada por dezenas de assessores, Sandy deixou uma sala onde se lê "Cat walk room" (sala da passarela) apenas na hora da entrevista e dirigiu-se à cadeira onde respondeu às perguntas do jornalistas sem acidentes de percurso. Seu discurso é bem treinado e ela não sai do script.
"Estou no meu segundo disco, realizada como pessoa e como artista. Eu sei como é meu som, o que eu quero fazer. Acho que essa segurança, saber o que a gente quer para gente, para carreira, para vida, tudo isso traz um bem-estar, traz uma alegria, uma satisfação. Eu estou com 30 anos, a maturidade traz uma consciência maior. A gente começa a ver tudo que a gente tem na vida, de bom e de ruim. E, a maior parte, boa, é motivo de alegria. Se tem alguma coisa de ruim, olha quanta coisa boa na minha vida? Quantas pessoas que me amam, que eu amo. A gente tem que comemorar as coisas boas todos os dias e eu estou tendo cada vez mais essa consciência", diz a cantora, que conta ter batizado seu disco como Sim para ressaltar esse bom momento.
A Sandy quando perguntada pela reportagem do Virgula Música sobre cantoras que servem de modelo para sua carreira, ela saiu pela tangente. "Não tem nenhuma cantora que eu tenha como exemplo, como modelo. Mas também não sei onde eu quero chegar. Onde eu estou, está bom. Se eu continuar nessa minha toada de sempre ir lançando meus discos, fazendo meus shows, eu estou superfeliz, super-realizada, eu não tenho assim um objetivo, ai, eu quero com 40 anos ter vendido não sei mais quantos mil discos, que hoje não existe mais isso, mas é força de expressão. Mas ai, eu quero ter feito isso, isso e isso para minha carreira. Não tenho isso. Eu quero continuar minha carreira, continuar sendo a artista que eu sou hoje, eu estou realmente muito feliz e muito realizada", comentou.
Em outra questão, se percebia uma mudança de tratamento da mídia em relação a ela desde que iniciou a carreira solo, há três anos, ela admitiu um certo alívio. "Olha, eu sinto que eu tenho aos poucos rompido barreira, quebrando alguns possíveis preconceitos. Eu sinto que eu estou muito bem recebida desde o início da minha carreira solo. Eu fiquei até surpresa com isso. Eu achei que as pessoas hoje em dia estão bem abertas para receber o que eu tenho para mostrar. E a gente fica muito feliz com isso. Eu estou fazendo meu som tranquilamente, não quero incomodar ninguém e também eu quero que as pessoas vejam meu trabalho com olhos nus, sem preconceitos, sem preconcepções. E eu tenho visto que isso tem acontecido mais ultimamente e isso me deixa feliz", avaliou.
Fanático por Sandy desde 97, o estudante de jornalismo Guilherme Lima cria um site para cada turnê da cantora. Ele discorda de que a mídia não a trate com preconceito, apesar de ver uma diminuição, e diz que falta imaginação para deixar de vê-la como irmão de Júnior, filha de Xororó. Para ele, as aproximações estéticas com a música inglesa, da qual ela é fã, não são devidamente percebidas e repercutidas.
De fato, a aproximação de pop e música erudita, em muitos momentos criam pontes entre Sandy e as sonoridades tanto de ícones pop do presente e do passado, como Coldplay e Beatles, do jazz de Ella Fitzgerald e da MPB de Elis Regina e Clube da Esquina.
Sandy, mesmo sabendo que os tempos de se apresentar multidões nos tempos da parceria com o irmão ficaram para trás, diz ficar agradecida com a adesão de fãs que cresceram juntos com ela. "Alguns acompanhavam a carreira de Sandy & Júnior e hoje se identificam com meu trabalho. Isso é legal, que eles gostaram de meu som atual. E esses fãs todos têm uma idade muito próxima da minha. É uma faixa etária de 25 a 35 anos. E eu percebo outras pessoas se aproximando, outro tipo de público. Eu tenho visto nos meus shows muitos casais, héteros e homossexuais. E eu vejo gente um pouco mais velha, que antes não curtia o meu trabalho com meu irmão e agora curte", afirma.
A entrevista acaba, ela volta para a sala e desaparece. Quem quiser ouvi-la agora terá de ir a um de seus shows ou colocar seu disco para tocar. Sandy só voltará a falar com a imprensa quando tiver algo para comunicar, como as divas fazem. E ela não parece desconfortável nesse papel.
Fonte: Vírgula